O Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (Maranhão), por meio da parceria entre o Setor de Saúde, a Comissão Regional do Trabalho Seguro, a Comissão de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, a Escola Judicial e o Plano de Saúde GEAP, promoveu a palestra “Setembro Amarelo e Combate ao Suicídio, na sede do Tribunal, na Areinha. 

A atividade, destinada a magistradas e magistrados, servidoras e servidores, estagiárias e estagiários, além de terceirizadas e terceirizados do TRT-16, foi conduzida pela psicóloga clínica e hospitalar Sandra Raquel de Lima Pinheiro, especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial e em Suicidologia – área que trata da prevenção, processos autodestrutivos e luto. A palestrante também é avaliadora da Polícia Federal e mestranda em Psicopatologia e Diagnóstico Psicológico pela Universidade de São Paulo (USP).

Durante a palestra, Sandra Raquel destacou que muitas vezes os sinais de sofrimento aparecem de forma discreta, mas revelam situações de grande vulnerabilidade. “Quando a pessoa fala de desesperança, se isola e demonstra que não vê mais saída, já está no limite. É como um balde que transborda. Nessas mudanças bruscas de comportamento, precisamos estar atentos, tanto colegas de trabalho quanto familiares”, alertou.

Ela também ressaltou que o suicídio não representa, necessariamente, o desejo de acabar com a vida, mas sim com a dor. “É uma dor da alma, que não tem um ponto físico, mas que, segundo pesquisas, o cérebro sente como se fosse uma dor real no corpo. Muitas vezes, a pessoa não quer morrer, ela quer se livrar de um sofrimento que parece insuportável”, explicou.

Sandra chamou a atenção ainda para um ponto delicado: quando a pessoa deprimida começa a apresentar melhora, pode surgir um risco maior. “Já acompanhamos casos em que o paciente, aparentemente estabilizado com ansiolíticos e psicotrópicos, acabou voltando a ter gatilhos e recaídas graves”. A depressão quase nunca vem sozinha, geralmente está associada a outras doenças, como esquizofrenia em grau leve, por exemplo. Por isso, é fundamental o acompanhamento constante e multidisciplinar.

Campanha Nacional

O “Setembro Amarelo”, campanha dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio e a promoção da saúde mental, conta com o apoio institucional da Justiça do Trabalho. Através do Programa Trabalho Seguro, o judiciário trabalhista tem buscado ampliar e disseminar a cultura de trabalho decente para garantir saúde e higiene física e mental das trabalhadoras e trabalhadores do país.

Cuidar da saúde mental no trabalho 

Segundo o Ministério da Previdência Social, somente em 2024 foram registrados 472 mil afastamentos por transtornos mentais. Isso representa um aumento de 68% em relação ao ano anterior e um marco na série histórica dos últimos 10 anos.

Os dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) demonstram que a maioria dos afastamentos foram de mulheres (64%), com idade média de 41 anos, com quadros de ansiedade e de depressão e que ficaram afastadas do trabalho por até três meses.